data-filename="retriever" style="width: 100%;">O Banco Nacional da Suécia concedeu o Prêmio Nobel de Economia na semana passada para três economistas americanos. E para surpresa de muitos os laureados ganharam o prêmio com pesquisas experimentais na área da pobreza e microfinanças. E o detalhe, as pesquisas misturaram os modelos econômicos com as ciências comportamentais. Mas quais as contribuições deste estudo para a nossa vida?
Pois bem, um detalhe bastante interessante é o fato que a pesquisa concluiu várias aspectos bem factuais e práticas para o dia a dia das pessoas. Como o que se precisa fazer para retirar os indivíduos da linha de pobreza. Segundo o estudo, basta os agentes econômicos aplicarem e desenvolverem ações práticas que melhorem o ambiente em que a pessoa vive. Um exemplo, em regiões sem saneamento básico, bastaria oferecer melhores condições de higiene às pessoas, bem como oportunizar condições sanitárias nas cidades. Ações modestas, mas com impacto social e econômico significativo e implicações para as finanças. Acrescenta-se a isso a transmissão de informações a um maior número de pessoas, explicando como usar e o que fazer para se "ter" melhores condições sanitárias e de higiene. Na verdade, esses economistas argumentaram que a disseminação de boas práticas influenciam positivamente as decisões e propicia melhor bem estar.
Eles referem que os modelos econômicos, as teorias, as políticas macroeconômicas são fundamentais na construção de uma sociedade melhor. Contudo, para diminuir a pobreza e melhorar a cultura financeira das pessoas e das empresas, basta agir de maneira a disseminar boas ideias advindas destas concepções. Os agentes sociais e econômicos devem ser os mentores e realizadores das ações sociais. O interessante é que nos estudos aparece uma expressão bem diferente, não comum em pesquisas na área econômica. Eles dizem que os agentes devem ser os "fofoqueiros do conhecimento". Esses profissionais devem agir de forma a propiciar ações que de fato resolvam os problemas sociais. Neste sentido, pode-se pensar nos educadores financeiros, eles podem fazer a diferença na implementação de uma nova postura e cultura de consumo e das finanças pessoais. Lembrei-me de um projeto que tive o prazer de participar denominado Clínica de Finanças em uma experiência extensionista interdisciplinar no campo universitário cujo objetivo era promover ações voltadas ao esclarecimento da população sobre estratégias e formas de lidar com as sua vida financeira.
Embora todas as pessoas tenham certo conhecimento sobre a forma de como se deve utilizar os recursos financeiros, pois afinal de contas, trata-se de um conhecimento básico para a vida, percebe-se que, muitas vezes, este saber é insuficiente e não atende as reais necessidades das pessoas. Especialmente, porque ainda este conhecimento ainda é muito pouco disseminado. Muitas vezes, fica restrito aos bancos universitários, ou as discussões no cenário político ou empresarial e algumas experiências voltadas para estudantes nas escolas.
Neste sentido, experiência voltadas a disseminação de informações que ajudem as pessoas a resolverem seus problemas ou conflitos econômicos são muito bem vindos para resolverem essas questões e são capazes de mudar a vida de uma pessoa. Os modelos econômicos são de difícil assimilação por parte da população. A pesquisa destes autores revelou que 30 % dos indivíduos conseguiram assimilar e mudar a sua situação de vida, quando se aplicou esse método. Assim, parece que um eficiente "empurrãozinho" e uma compreensão mais ampla a respeito do mundo financeiro podem colaborar para que mudanças ocorram.
Neste sentido, lidar com o fenômeno da pobreza é muito mais complexo do que se imagina, mas é primordial experiências que oportunizem boas ideias, o desenvolvimento de ações pactuais, que levem o conhecimento científico e pertinente até as pessoas que precisam dele. Assim, que possamos ser "extensionistas" do saber, praticar boas maneiras e acreditar na capacidade das pessoas, através de ações aparentemente simples, sem o exagero do assistencialismo sem lógica. Acredito e muito na ciência hard, mas de ofício sou um economista "extensionista", isto é, quero disseminar os conhecimentos, técnicas e as teorias de forma que elas sejam compreendidas e executadas por todos. Em busca por mais equilíbrio econômico e eficiência.